Na comemoração
do Dia Internacional da Mulher,
o público feminino pode comemorar os
avanços conquistados nos últimos 15 anos. No entanto, expressivas
desigualdades ainda perduram entre gênero e raça no mercado de trabalho
no Brasil, principalmente quando o assunto é remuneração. Os salários
chegam a ser entre 25% e 30% menores do que os homens para funções
semelhantes.
De 1992 para cá, a participação de mulheres com emprego
fora de casa evoluiu de 56,7% para 64%, representando expansão de sete
pontos percentuais. Os dados são da OIT (Organização Internacional do
Trabalho).
Entre o sexo feminino, o índice de
desemprego é alto e ainda muito superior quando comparado ao dos homens.
Fatia de 19% das mulheres está fora do mercado de trabalho, enquanto
entre os homens esse número só chega a 10,2%.
Dados do Dieese (Departamento Intersindical
de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostram que na Região
Metropolitana de São Paulo a taxa de desemprego feminino caiu pelo sexto
ano consecutivo em 2009, para 16,2%, saindo de 16,5% em 2008.
Entre os homens, houve elevação de 10,7%
para 11,6% no período. Segundo a OIT, a taxa de desocupação mundial
entre as mulheres aumentou de 6% para 7% e no ano passado, alta pouco
maior que a masculina.
"O crescimento da participação das
mulheres no mercado não vem sendo acompanhada de redefinição das
relações de gênero no âmbito das responsabilidades
domésticas. Esse problema submete as mulheres a dupla jornada de
trabalho", explica o sociólogo e consultor de relações humanas Jefferson
Sebastião Fernandes.
"A mulher ainda é vista como aquela
que pode dar mais trabalho do que o homem, no sentido de gerar gastos
para a empresa, seja por causa de licença-maternidade ou de outra
atribuição que lhe é confiada em casa", afirma a diretora da OIT Brasil, Laís Abramo.
CHEFES DE FAMÍLIA - De
acordo com o relatório da OIT, o número de mulheres que são chefes de
família chegou a 34,9% em 2008, quase dez pontos percentuais, se
comparado a uma década atrás, quando elas representavam 25,9%. Assim,
também acumulou, ao longo dos anos, jornada de trabalho exaustiva.
Juntando a carga de horas trabalhadas fora com as atividades exercidas
ao chegar em casa, as mulheres gastam, em média, 57,1 horas semanais.
"A mudança vital foi a transição feminina de
ter emprego para construir carreira. Até a década de 1970 a maioria das
mulheres parava de trabalhar antes dos 35 anos para cuidar da casa e
dos filhos. Hoje, a maiorias pretende conciliar as atividades domésticas
e profissionais", destaca Fernandes.
PROGRESSOS - Segundo
o sociólogo e consultor, "a raiz dessa mudança" está na revolução
social e cultural a partir da década de 1960. "As jovens daquela época
lutavam pela igualdade com os homens e acabaram com o estigma de que
lugar de mulher era em casa e passaram a educar suas filhas para pensar
em uma carreira", diz.
FUTURO - O
consultor de recursos humanos da Álamo Consultoria Pedro Cesar Álamo
lembra que, atualmente, "as mulheres têm se dedicado muito aos estudos,
tanto é que o índice do público feminino nas faculdades é maior do que o
masculino. Apesar de ainda ganharem menos, o futuro é promissor para
elas".
Fernandes acredita que é necessário adaptar o
mercado de trabalho e as políticas sociais aos valores e limitações
próprios das mulheres e dos homens.
"As mudanças nos arranjos familiares, com
mais mulheres chefes de família, o tempo médio de estudo do público
feminino e o percentual crescente das que entram no mercado de trabalho
são algumas das principais mudanças registradas entre 1998 e 2008, o que
mostra que o futuro é promissor neste aspecto", avalia o consultor.
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