Aprendendo a língua nativa


Pegue a R45 rumo ao norte, para o Vale Drakenstein, onde os traços dos habitantes nativos (as tribos Khoikhoi e San) se revelam nas pinturas das rochas de Wenamershoek. No jardim Babylonstoren, do século XVII, perca-se no labirinto de pereiras e delicie-se com as frutas tiradas do pé.
Mais 16 quilômetros de carro e você chega a Pearl. Na Montanha Pearl (chamada "montanha da tartaruga" pelos Khoikhoi), o Monumento à Língua Africâner mostra as inúmeras influências culturais e linguísticas sofridas pelo idioma, do alemão ao malaio, representados por formas côncavas e convexas alternadas. Na cidade, as exposições do Museu da Língua Africâner revelam os primeiros documentos redigidos nessa língua.
A alguns quilômetros ao sul, na Fazenda Fairview, você pode comprar um camembert Roydon, feito com métodos secretos _ e em Palmiet Valley Estate, instalada em meio a 39 hectares de videiras e jardins, saborear os pratos da cozinha regional e malaia; depois, siga para os Estábulos Evergreen para uma cavalgada entre os olivais e pinheiros da Du Toitskloof. Ali, pouca coisa mudou desde a chegada dos primeiros colonizadores _ com exceção das videiras que se espalham pela propriedade.
Um brinde à história
Em 1655, os empregados da Companhia Holandesa das Índias Orientais plantaram as primeiras videiras à sombra da Montanha da Mesa; em 1659, já produziam as primeiras misturas de vinhos da região. Durante as décadas que se seguiram, continuaram a cultivar as propriedades para garantir o vinho e os produtos que seriam consumidos nas longas viagens às Índias e à Europa. Os refugiados protestantes franceses começaram a chegar por volta de 1690, trazendo consigo a finesse vinícola; tirando vantagem do clima, semelhante ao mediterrâneo, e do sol do Hemisfério Sul, deram início à produção de vinhos de primeira.
No século XX, sob o regime do apartheid, restrições governamentais e embargos comerciais paralisaram o setor, mas com o surgimento da democracia, em 1994, começou uma nova fase também para os vinicultores do país: vinhos de categoria internacional, de Malbecs a Chardonnays, podiam ser comercializados em larga escala, e o setor trabalhou para conseguir a inclusão étnica. Hoje em dia, a propriedade Diemersfontein de Wellington recebe prêmios por seu Pinotage e incentiva os funcionários a se tornarem acionistas. Na Montanha Wemmershoek, o restaurante Freedom Hill simboliza uma dicotomia histórica: dali, onde se pode saborear carpaccio de avestruz e Shiraz, é possível também ver o presídio no qual Nelson Mandela passou quase três décadas.
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