Em um cenário astucioso, a grife ousou e recebeu elogios em Paris
Uma estação de trem reconstituída no
pátio do Louvre, em Paris, um relógio Vuitton e sons de passos perdidos.
Uma grade desliza e em meio à fumaça surge um trem azul no estilo
'Orient-Express'. Dentro do vagão, os chapéus das modelos se destacam em
meio às sombras chinesas.
Nesta quarta-feira de desfiles da
marca, a locomotiva assovia, emergindo da fumaça. Uma a uma, as modelos
do alto de saltos vertiginosos e com grandes chapéus modelados ao estilo
1900, descem na plataforma, ainda maiores diante dos carregadores de
bagagens que as seguem, com uma mala em cada mão.
Um cenário astucioso: As mulheres, que usam longos casacos que
estendem ainda mais as suas silhuetas, não se atrapalham, evoluindo
graciosamente em torno do trem cintilante. E as bolsas, que são a base
do sucesso da marca, possuem sua própria luz.
O pequeno mundo da
moda ainda vibra ao contar a mítica história do nova-iorquino Marc
Jacobs, criador da Vuitton há quinze anos: em seu primeiro desfile, ele,
por audácia ou distração, esqueceu completamento as bolsas!
O
trem "foi fabricado só para nós", afirmou maravilhado o estilista,
exausto, mas feliz. O veículo certamente custou uma pequena fortuna.
"Nós começamos a trabalhar em seu modelo há cinco meses, logo depois do
desfile no carrossel" colorido em outubro, indicou.
Ele sugere reciclá-lo na "pop-up store",
loja efêmera para a marca. "Será lamentável se ele não for mais usado",
acrescenta, contando que o carrossel espetacular da temporada passada
foi desmantelado, mas que seus cavalos foram incorporados às vitrines.
O
trem azul "não é um olhar nostálgico do passado. Tínhamos, acima de
tudo, a noção romântica de um belo objeto a ser observado", explica o
estilista tatuado de 48 anos, de cabelos negros e olhos verdes, que
consegue se manter viril em um vestido preto e de botas.
As questões sobre a "modernidade" das vestimentas o irritam. "São as
pessoas que vivem na modernidade, não suas roupas", disse o criador.
A
coleção evolui simplesmente em torno da "ideia de viagem". O que
poderia ser mais evidente para um fabricante de malas? "Não se trata
daquilo que pensei, vi ou imaginei. Não tento bancar o esperto ou o
pedante", disse Marc Jacobs, alérgico às "intelectualizações" sobre a
moda.
Ele apresentou saias compridas sobre calças, aquecidas por casacos com grandes botões cintilantes ou redingotes femininos.
Para
os materiais, Jacobs partiu "de coisas meio feias, de lãs de cobertores
de cores e estampas duvidosas. Tem bordados de cristais e estampas de
plástico plissados" para dar brilho.
"Eu gosto muito da ideia de
brincar com um artesanato humilde, um pouco ingênuo. Colocar um
botão-joia em um casaco bege para torná-lo brilhante. Esse é o truque
mais bobo que existe", explica o estilista, bancando o modesto.
Ao
final do desfile, chovem elogios. "É um grande show, um verdadeiro
espetáculo muito luxuoso", comenta Catherine Deneuve, geralmente
discreta, que adorou os casacos com pele de avestruz, com o aspecto de
coro manchado.
"É um triunfo, é cinematográfico, magnífico",
entusiasma-se a atriz americana Sarah Jessica Parker, famosa pelo papel
da 'fashionista' Carrie em "Sex and the city". O veredicto lacônico de
Harvey Weinstein, o distribuidor americano do filme "O Artista",
consultado pela AFP: "Eu gosto do seu trabalho, esse cara é genial".
http://www.band.com.br/viva-bem/moda/noticia/?id=100000490031
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