O advogado Mizael Bispo de Souza, de 42 anos, se entregou ontem à Justiça. Ele estava foragido desde 7 de dezembro de 2010, quando sua prisão preventiva foi decretada pela terceira vez. Acusado de matar a advogada Mércia Mikie Nakashima, de 28 anos, sua ex-namorada, Mizael estava com seus advogados quando entrou no fórum de Guarulhos, na Grande São Paulo.
O ato de Mizael faz parte de uma estratégia da defesa. Um recurso da defesa está nas mãos do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF). Por meio dele, seu advogado, Samir Haddad Junior, pretende obter a ordem para que Mizael fique detido em prisão domiciliar enquanto aguarda seu julgamento pelo tribunal do júri.
O argumento para obter esse benefício é um artigo do Estatuto da Advocacia que prevê o direito a sala de estado-maior para os advogados que aguardam julgamento presos. Como esse tipo de sala não existe no sistema prisional paulista, a alternativa encontrada pelo STF em casos semelhantes é conceder aos advogado o direito da prisão domiciliar. Para contornar esse problema, a Secretaria da Segurança usa uma sala no Regimento de Cavalaria da PM para manter advogados ou promotores presos.
'Esse tipo de sala não existe em São Paulo. Por isso, ele tem o direito de ficar em prisão domiciliar', afirmou Haddad Junior. Após sair do fórum, Mizael foi levado para a sede da Corregedoria da PM - ele é ex-PM - e depois devia ser recolhido no Presídio Militar Romão Gomes.
O advogado pretende informar o ministro Lewandowski na segunda-feira sobre a apresentação de Mizael. 'Ele não queria mais viver nesse inferno. Ele não matou ninguém e quer provar que é inocente', afirmou o advogado Haddad Junior. O defensor fez questão de afirmar que a decisão de se entregar foi de Mizael. 'A polícia podia passar dez anos e não ia pegar meu cliente.'
Mércia desapareceu no dia 23 de maio de 2010. Em junho, seu corpo foi encontrado em uma represa em Nazaré Paulista.
O advogado da família de Mércia, Alexandre de Sá Domingues, assistente de acusação, afirmou que, apesar da fuga, o processo está correndo rapidamente e que o júri deve ocorrer ainda neste ano. 'Temos provas para que ele seja condenado. Acho que tudo vai dar certo', disse.
Já o irmão de Mércia, Márcio Nakashima, disse que a família está aliviada. 'Ele teve vários habeas corpus recusados e por isso não restou alternativas. Só esperamos que a Justiça o mantenha preso agora que se entregou.'
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