V.A.C, de 13 anos, acusado de pilotar o jet ski que atropelou e matou no sábado a menina Grazielly Almeida Lames, de 3, em Bertioga, admitiu ontem que estava dirigindo o veículo. A confissão foi feita em oitiva informal - depoimento previsto no artigo 179 do Estatuto da Criança e do Adolescente - na Vara da Infância e Juventude da cidade. O adolescente também chorou muito e disse que levava na garupa outro garoto de 13 anos.
A promotora Rosana Colletta, que ouviu na manhã de ontem o adolescente, diante dos pais e advogado, disse que não poderia dar maiores detalhes sobre a oitiva, por se tratar de caso sigiloso. Mas afirmou que 'ele não negou os fatos' e declarou que foi autorizado por um adulto a andar no jet ski.
'A versão dele é praticamente igual à das testemunhas ouvidas na delegacia. Ele declarou que deu a partida no jet ski e assumiu que estava na praia na hora do acidente.'
À noite, V. deveria repetir as mesmas informações ao delegado Maurício Barbosa, titular da delegacia de Bertioga, que investiga o caso. Até as 18h30 de ontem, ele ainda estava sendo ouvido em companhia de seus pais. Eles chegaram pelos fundos do prédio, em um carro com os vidros escuros e placas de Mogi das Cruzes.
Testemunhas. A polícia também ouviu ontem mais três testemunhas que estavam na Praia de Guaratuba na hora do acidente. Eram três turistas - de Mogi das Cruzes, Hortolândia e São Bernardo do Campo.
Segundo o advogado da família de Grazielly, José Beraldo, uma das testemunhas disse ter visto um homem levando o jet ski até a praia, trafegando em um quadriciclo de cor vermelha, com um reboque que transportava o aparelho.
O homem, segundo Beraldo, seria o caseiro Erivaldo Augusto Cardoso. Ainda segundo a testemunha, identificada como Daniele Cristina, o homem teria retornado ao condomínio de luxo, deixando V. e outro adolescente com o jet ski.
Beraldo afirmou que uma segunda testemunha disse que estava na praia com sua filha, também de 3 anos, quando viu três pessoas levando o jet ski até o mar. Dois adolescentes subiram no aparelho e aceleraram. A embarcação teria 'empinado' e eles caíram. Nesse momento, o jet ski seguiu desgovernado, atingindo Grazielly.
Até ontem, oito testemunhas haviam prestado depoimento. Os pais de Grazielly e dois tios prestaram as declarações na manhã de anteontem, mesmo dia marcado para o depoimento do adolescente, que acabou não comparecendo - seu advogado, Maurimar Chiasso, desmarcou a oitiva temendo a assédio da imprensa e de populares.
Punição. Sobre a possível punição ao adolescente, a promotora disse que não acredita que ele seja internado na Fundação Casa. Segundo ela, o mais provável é que receba uma medida socioeducativa de prestação de serviços à comunidade. 'Já quem entregou o jet ski para o adolescente poderá ser responsabilizado criminalmente', explicou.

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