sábado, 25 de fevereiro de 2012

Cerco se fecha, mas Ricardo Teixeira não sai, garante CBF

Pressionado após denúncias, presidente da confederação diz que não deixa o cargo

  O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, rebateu rumores sobre seu afastamento da direção da entidade. Nesta quinta-feira (16), em evento que marcou a chegada de Bebeto ao Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo, a CBF tratou de afastar os rumores.
"Eu trabalho com fatos. Se houvesse alguma coisa, eu anunciaria, como eu faço sempre para vocês (da imprensa). Hoje eu vim trabalhar normalmente, assim como o presidente veio trabalhar normalmente", afirmou o diretor de comunicação da CBF, Rodrigo Paiva.

Nos últimos dias, foram fortes os indícios sobre a possível renúncia de Ricardo Teixeira na CBF, cargo que ocupa desde 1989. 
Apesar da negativa de Paiva, os sinais de queda se mantêm. Teixeira estaria se afastando da confederação brasileira para cuidar da saúde e para preparar sua defesa diante das denúncias de corrupção envolvendo seu nome na Fifa, referentes ao caso ISL, nos anos 1990. 
Entenda o caso
De homem que ajudou o Brasil a sediar a Copa do Mundo a alvo de diversas denúncias, Ricardo Teixeira teve a imagem sensivelmente desgastada nos últimos meses. Desde uma reportagem da revista “Piauí”, de julho de 2011, na qual o dirigente esportivo dizia “cagar e andar” para as denúncias, ele viu até mesmo sua habitual parceria com o presidente da Fifa, Joseph Blatter, ruir.
Preocupada com a repercussão de um escândalo de corrupção envolvendo o nome da Fifa e a empresa de marketing esportivo ISL, a federação internacional vem acusando Teixeira para salvar, assim, a pele do presidente Blatter.
O dirigente brasileiro, assim como João Havelange, teria a participação comprovada nos esquemas irregulares entre a Fifa e a ISL. A prova está, supostamente, em arquivos que permanecem guardados a sete chaves nos cofres da entidade.
O caso explodiu no colo de Teixeira, que até meses atrás era o candidato favorito para suceder Blatter no próximo pleito da entidade. Depois do caso ISL, é o francês Michel Platini quem passou a ser considerado o favorito na linha de sucessão. 
Outro baque político que acometeu o dirigente brasileiro diz respeito à troca de comando na presidência da República. O fim do mandato do presidente Lula, com quem ele tinha estreitas relações, e a chegada de Dilma Rousseff, que desde o começo do governo procurou se manter distante do dirigente, também contribuiu para enfraquecer o poder de Ricardo Teixeira.
Há muito tempo, portanto, o mandatário da CBF vem sendo relegado a segundo plano nas decisões da Copa de 2014, embora ainda seja o chefe do Comitê Organizador Local. O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, também tem sido muito mais atuante quando o assunto é a preparação para o Mundial.
Na ausência de Teixeira, é Ronaldo, membro do conselho do COL, quem dá a cara a bater. Por sinal, o ex-atacante se mostrou insatisfeito com os rumores e disse, nesta quinta-feira (16), que “seria uma pena se isso (renúncia) vier a acontecer”. Ronaldo lembrou que o homem-forte da CBF é “querendo ou não, o cara que trouxe a Copa do Mundo para o Brasil, e devemos muito a ele".
Outro ex-jogador, Romário, também se manifestou a respeito dos rumores, mas de forma muito diferente de Ronaldo. Desafeto de Teixeira, o hoje deputado federal pediu até por intervenção do governo federal na CBF, sem lembrar que este tipo de manobra implicaria em sanções da Fifa, que proíbe interferências do poder público no futebol. 
"Presidente Dilma, interfira nesse momento delicado que vive o futebol brasileiro. Só mesmo o governo federal pode resolver e ajudar. Tem que colocar uma pessoa técnica, que seja profissional, honesta e capaz. Qualquer outro presidente que assumir a CBF sem a intervenção do governo federal será manipulação. Ou seja, continuaremos sendo enganados", escreveu Romário em seu Twitter, na noite da quarta-feira (15). 
Os boatos da saída de Teixeira começaram no início da semana, quando o jornalista Juca Kfouri afirmou que a renúncia do presidente da Confederação Brasileira de Futebol era “mais que um rumor”. Na sequência, veículos como a “ESPN Brasil”, “O Globo” e a "Folha de S.Paulo" passaram a dar como certa a saída do presidente. 
Este último veículo, inclusive, divulgou nesta semana documentos que comprovam a relação pessoal do dirigente com a empresa Ailanto, responsável por um amistoso superfaturado (custou R$ 8,5 milhões aos cofres públicos) entre a seleção brasileira e a portuguesa em Brasília, em 2008, alvo de suspeitas do Ministério Público Federal. 
O caso pode ter sido a gota d'água. Caso oficialize a renúncia da federação de futebol, o próximo e natural passo seria deixar o comando da organização da Copa de 2014.Em meio à tempestade, no entanto, Ricardo Teixeira não arreda o pé. De acordo com a CBF, ele continua à frente do futebol brasileiro. 

 http://www.portal2014.org.br/noticias/9114/CERCO+SE+FECHA+MAS+RICARDO+TEIXEIRA+NAO+SAI+GARANTE+CBF.html

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