Mais de 10 milhões de anos após divisão evolutiva, espécies compartilham número notável de genes
Um inovador estudo publicado nesta quarta-feira revela que, apesar
de nossos ancestrais terem passado pela divisão evolutiva com os
gorilas há cerca de 10 milhões de anos, ainda compartilhamos um notável
número de genes com a espécie.
Um consórcio mundial de cientistas
sequenciou o genoma do gorila da planície ocidental e comparou mais de
11.000 de seus genes com os dos humanos modernos, Homo sapiens, e os dos
chimpanzés.
A comparação derrubou convicções sobre similaridades entre os
principais primatas, dizem os pesquisadores. Como era esperado, humanos e
chimpanzés compartilhavam a maior parte dos genes. Mas 15% do genoma
humano é mais próximo ao genoma do gorila do que ao do chimpanzé - e 15%
do genoma do chimpanzé é mais próximo ao genoma do gorila do que ao do
humano.
"Nossas descobertas mais significativas revelam não
apenas diferenças entre as espécies refletindo milhões de anos de
divergências evolutivas, mas também similaridades nas mudanças em
paralelo ao longo do tempo desde seu ancestral comum", disse Chris
Tyler-Smith, do Britain's Wellcome Trust Sanger Institute.
"Descobrimos que gorilas compartilham muitas mudanças genéticas paralelas com humanos - incluindo a evolução de nossa audição".
"Cientistas
sugeriram que a rápida evolução dos genes de audição dos humanos estava
ligada à evolução da linguagem. Nossos resultados colocam isso em
questão, já que os genes de audição evoluíram em gorilas na mesma
proporção que nos humanos".
Divisão
De
acordo com o estudo, os próprios gorilas começaram a se dividir em dois
grupos, o gorila da planície oriental e o gorila da planície ocidental,
cerca de um milhão de anos atrás.
A descoberta é um balde de água
fria naqueles que defendem a noção de que a separação entre espécies de
primatas ocorreu de maneira abrupta, em um período relativamente curto.
O processo foi, de fato, longo e gradual, aponta o estdo.
Havia
provavelmente uma quantidade razoável de "fluxo gênico", ou um
cruzamento entre linhagens genéticas levemente diferentes, os dois antes
que os gorilas se separassem dos outros macacos e antes que os próprios
gorilas se dividissem em duas espécies.
Poderia haver um paralelo na separação entre chimpanzés e bonomos, ou entre humanos modernos e Neanderthais, afirmam os autores.
Uma
nova teoria sobre Neanderthais é que eles eram mais do que primos
próximos - o H. sapiens ocasionalmente cruzava com eles e incorporou
alguns de seus genes nos humanos modernos.
Os próprios Neandherthais se extinguiram como uma espécie
separada há cerca de 40 mil anos, dizimados quer por uma mudança
climática ou devido ao próprio H. sapiens, de acordo com algumas
hipóteses.A amostra de DNA foi retirada de uma gorila da planície
ocidental chamada Kamilah.
Preservação
Depois
de prosperar por milhões de anos, os gorilas sobrevivem hoje em apenas
algumas poucas populações ameaçadas da África central, e sua quantidade
diminui devido à caça e à perda de habitat.
"Bem como nos ensinar
sobre evolução humana, o estudo dos grandes macacos nos conecta a um
tempo no qual nossa existência era mais tênue, e, ao fazer isso,
ressalta a importância de proteger e conservar estas espécies notáveis",
afirma o estudo.
http://www.band.com.br/noticias/ciencia/noticia/?id=100000490037
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