domingo, 19 de fevereiro de 2012

Poluição dos carros é o vilão da qualidade do ar em Manaus

Aumento na frota de veículos traz prejuízos ao meio ambiente e para a saúde das pessoas que são obrigadas a conviver com o problema.

 

Manaus - Além de diminuir ainda mais a qualidade do ar, os veículos que soltam uma grande quantidade de fumaça preta são responsáveis também por trazer problemas de saúde para a população e poluir o meio ambiente.
Até dezembro do ano passado, Manaus possuía um total de 496.916 veículos, segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). No mesmo mês de 2010 o número de carros em circulação era de 452.300, o que significa um crescimento de 9,8% (44.316) na frota da cidade.

Segundo o engenheiro mecânico Ademar Ferreira, essa fumaça origina-se quando o sistema de injeção do veículo está desregulado, ou seja, está injetando mais combustível do que deveria. “Quando este excesso de combustível entra em contato com o escapamento, ele é queimado pelo calor, formando esta fumaça preta.
Logo, se há excesso de combustível na queima, o motor estará consumindo maior quantidade de combustível do que a necessária para funcionar”, explicou.

Dentre tantas substâncias liberadas, estão o monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio e dióxido de enxofre (SO2), que podem ser as mais prejudiciais à saúde, segundo o engenheiro. “As quantidades de SO2 lançadas no ar, sobretudo pelos canos de escapamentos de ônibus e caminhões, provocam irritações discretas, mas importantes ao longo prazo. Se o nível do gás for alto, como quando verificado pelos órgãos de controle que decreta atenção, as pessoas sentem ardência nos olhos, nariz e garganta e, por vezes, tossem”, destacou Ademar.

São os ônibus e caminhões que mais incomodam, já que a grande maioria é movida a diesel, o tipo de combustível mais poluente. Para quem trabalha nas ruas todos os dias, o incômodo é maior. Para o vendedor ambulante Francisco Carlos Souza, 60, os problemas de saúde causados por esses gases são mais evidentes por conta da idade avançada.

“Acho que esses empresários ganham tanto dinheiro que não iria fazer mal colocar um filtro ecológico nos ônibus que circulam na cidade, não faria mal para ninguém, nem pra eles e nem pra gente”, disse, referindo-se a filtros que devem ser colocados nos canos de escape para filtrar os gases e diminuir a quantidade de poluentes despejados na atmosfera.

Para a também vendedora ambulante Mara Oliveira dos Santos, 28, que trabalha em um terminal de ônibus no Centro da cidade, a movimentação intensa de veículos de todos os tipos é a explicação das “gripes relâmpagos” que tanto atrapalham o trabalho. “Fico aqui o dia todo, faça chuva ou faça sol, e misturando tudo isso à sujeira normal com essa fumaça suja não tem como não ficar doente de mês em mês”, afirmou ela.

Segundo o otorrinolaringologista Eduardo Abran Kauffman, os maiores problemas causados por esse tipo de poluição podem ser de ordem alérgica e respiratória. “O problema se dá em decorrência da inalação de diversas partículas, tanto orgânicas quanto inorgânicas, que ficam no ar, que podem causar inflamações e desenvolver algumas alergias, por exemplo”, falou o médico.

Ainda de acordo com Kauffman, as questões mais frequentes são de nariz entupido e garganta inflamada. Evitar esse tipo de inflamação é difícil, mas, segundo Kauffman, é preciso tentar para não desenvolver doenças mais complicadas. “Não há como evitar em ambientes externos, mas depois de um dia na rua ficar em um ambiente bastante ventilado e bem arejado pode ajudar a prevenir inflamações inesperadas”.

Como solução ou para evitar esse tipo de problemas, os motoristas devem manter a manutenção dos veículos em dia e ter certeza de que ela está sendo realizada de maneira correta. “Os proprietários de veículos devem ler e observar os manuais de manutenção dos veículos que acompanham os mesmos. Nele encontrarão o plano de manutenção periódica por quilometragem percorrida, onde são especificadas as inspeções e serviços necessários para prevenir a combustão inadequada no motor”, finalizou o engenheiro.

Fiscalização
A responsabilidade de colocar em prática uma fiscalização e verificar se os veículos estão ou não obedecendo à lei, cabe a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas).

De acordo com a Semmas, o órgão realiza blitze de combate à poluição atmosférica que são voltadas especificamente para veículos movidos a diesel: caminhões, ônibus e micro-ônibus. As ações são realizadas em vias públicas com dias e horários não revelados, exceto nos transportes coletivos, que são realizadas nas garagens.

Para não ser autuado durante uma blitz da Semmas, o proprietário do veículo precisa ter um Certificado de Registro Cadastral (CRC), que atesta a regularidade do veículo quanto a sua manutenção. O teste para verificar a situação do escapamento dos veículos é feito com uma régua que verifica se a fumaça liberada apresenta coloração acima do nível permitido, acima do nível três já é passível de multa. A multa pode chegar a até R$ 30 mil, dependendo da situação do veículo.

Em 2011, o órgão realizou apenas seis autuações e cerca de 3700 CRCs foram emitidos. A expectativa para este ano, segundo a Semmas, é realizar pelo menos uma operação de fiscalização por mês.

Quanto aos ônibus, a Superintendência Municipal dos Transportes Urbanos (SMTU) informou que realiza uma fiscalização diária na ruas da cidade e quando ônibus “visivelmente poluidores” são encontrados, a empresa responsável é notificada e a situação é repassada à Semmas. Atualmente, cerca de 1.457 ônibus circulam em Manaus nos horários de pico.

 http://semad.d24am.com/amazonia/meio-ambiente/poluicao-dos-carros-e-o-vilao-da-qualidade-do-ar-em-manaus/50125

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