Manaus - Além de
diminuir ainda mais a qualidade do ar, os veículos que soltam uma grande
quantidade de fumaça preta são responsáveis também por trazer problemas
de saúde para a população e poluir o meio ambiente.
Até
dezembro do ano passado, Manaus possuía um total de 496.916 veículos,
segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). No mesmo
mês de 2010 o número de carros em circulação era de 452.300, o que
significa um crescimento de 9,8% (44.316) na frota da cidade.
Segundo
o engenheiro mecânico Ademar Ferreira, essa fumaça origina-se quando o
sistema de injeção do veículo está desregulado, ou seja, está injetando
mais combustível do que deveria. “Quando este excesso de combustível
entra em contato com o escapamento, ele é queimado pelo calor, formando
esta fumaça preta.
Logo, se há excesso de
combustível na queima, o motor estará consumindo maior quantidade de
combustível do que a necessária para funcionar”, explicou.
Dentre
tantas substâncias liberadas, estão o monóxido de carbono (CO), óxidos
de nitrogênio e dióxido de enxofre (SO2), que podem ser as mais
prejudiciais à saúde, segundo o engenheiro. “As quantidades de SO2
lançadas no ar, sobretudo pelos canos de escapamentos de ônibus e
caminhões, provocam irritações discretas, mas importantes ao longo
prazo. Se o nível do gás for alto, como quando verificado pelos órgãos
de controle que decreta atenção, as pessoas sentem ardência nos olhos,
nariz e garganta e, por vezes, tossem”, destacou Ademar.
São
os ônibus e caminhões que mais incomodam, já que a grande maioria é
movida a diesel, o tipo de combustível mais poluente. Para quem trabalha
nas ruas todos os dias, o incômodo é maior. Para o vendedor ambulante
Francisco Carlos Souza, 60, os problemas de saúde causados por esses
gases são mais evidentes por conta da idade avançada.
“Acho
que esses empresários ganham tanto dinheiro que não iria fazer mal
colocar um filtro ecológico nos ônibus que circulam na cidade, não faria
mal para ninguém, nem pra eles e nem pra gente”, disse, referindo-se a
filtros que devem ser colocados nos canos de escape para filtrar os
gases e diminuir a quantidade de poluentes despejados na atmosfera.
Para
a também vendedora ambulante Mara Oliveira dos Santos, 28, que trabalha
em um terminal de ônibus no Centro da cidade, a movimentação intensa de
veículos de todos os tipos é a explicação das “gripes relâmpagos” que
tanto atrapalham o trabalho. “Fico aqui o dia todo, faça chuva ou faça
sol, e misturando tudo isso à sujeira normal com essa fumaça suja não
tem como não ficar doente de mês em mês”, afirmou ela.
Segundo
o otorrinolaringologista Eduardo Abran Kauffman, os maiores problemas
causados por esse tipo de poluição podem ser de ordem alérgica e
respiratória. “O problema se dá em decorrência da inalação de diversas
partículas, tanto orgânicas quanto inorgânicas, que ficam no ar, que
podem causar inflamações e desenvolver algumas alergias, por exemplo”,
falou o médico.
Ainda
de acordo com Kauffman, as questões mais frequentes são de nariz
entupido e garganta inflamada. Evitar esse tipo de inflamação é difícil,
mas, segundo Kauffman, é preciso tentar para não desenvolver doenças
mais complicadas. “Não há como evitar em ambientes externos, mas depois
de um dia na rua ficar em um ambiente bastante ventilado e bem arejado
pode ajudar a prevenir inflamações inesperadas”.
Como
solução ou para evitar esse tipo de problemas, os motoristas devem
manter a manutenção dos veículos em dia e ter certeza de que ela está
sendo realizada de maneira correta. “Os proprietários de veículos devem
ler e observar os manuais de manutenção dos veículos que acompanham os
mesmos. Nele encontrarão o plano de manutenção periódica por
quilometragem percorrida, onde são especificadas as inspeções e serviços
necessários para prevenir a combustão inadequada no motor”, finalizou o
engenheiro.
Fiscalização
A
responsabilidade de colocar em prática uma fiscalização e verificar se
os veículos estão ou não obedecendo à lei, cabe a Secretaria Municipal
de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas).
De
acordo com a Semmas, o órgão realiza blitze de combate à poluição
atmosférica que são voltadas especificamente para veículos movidos a
diesel: caminhões, ônibus e micro-ônibus. As ações são realizadas em
vias públicas com dias e horários não revelados, exceto nos transportes
coletivos, que são realizadas nas garagens.
Para
não ser autuado durante uma blitz da Semmas, o proprietário do veículo
precisa ter um Certificado de Registro Cadastral (CRC), que atesta a
regularidade do veículo quanto a sua manutenção. O teste para verificar a
situação do escapamento dos veículos é feito com uma régua que verifica
se a fumaça liberada apresenta coloração acima do nível permitido,
acima do nível três já é passível de multa. A multa pode chegar a até R$
30 mil, dependendo da situação do veículo.
Em
2011, o órgão realizou apenas seis autuações e cerca de 3700 CRCs foram
emitidos. A expectativa para este ano, segundo a Semmas, é realizar
pelo menos uma operação de fiscalização por mês.
Quanto
aos ônibus, a Superintendência Municipal dos Transportes Urbanos (SMTU)
informou que realiza uma fiscalização diária na ruas da cidade e quando
ônibus “visivelmente poluidores” são encontrados, a empresa responsável
é notificada e a situação é repassada à Semmas. Atualmente, cerca de
1.457 ônibus circulam em Manaus nos horários de pico.
http://semad.d24am.com/amazonia/meio-ambiente/poluicao-dos-carros-e-o-vilao-da-qualidade-do-ar-em-manaus/50125

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