O pó do fruto tipicamente brasileiro é a
chave da longevidade de uma cidade que chamou a atenção do Brasil e do
mundo
Ficha técnica
Nome
científico: Paullinia cupana
Origem:
Floresta Amazônica
Parte utilizada: semente
Formas
de consumo: pó, barra ou cápsula
O agricultor
Milton Martins acorda cedo. Com uma disposição de dar inveja e uma
alegria contagiante, já está de pé às 4 da madrugada para começar mais
um dia de sua vida. Nascido e criado no município amazonense de Maués, a
267 quilômetros de Manaus, Martins tem uma relação bem próxima com o
guaraná, fruto abundante na região. “Tomo o guaraná todos os dias por
volta das 5 da manhã”, relata. Ele explica que uma colher de café do pó
misturada com água já é mais do que suficiente. “Eu só tomo café da
manhã às 9 horas. E sem fome”, diz. Depois de tanto trabalho na roça,
seria natural que o aposentado aproveitasse o tempo livre para
descansar. Ledo engano. “Quando cheguei aos 60, comecei a fazer natação e
atletismo, o que me dá prazer e ânimo”, conta. Depois de iniciar a
bateria de exercícios, não parou mais e, mesmo com o avançar das
primaveras, nunca deixou de sacudir o esqueleto. Detalhe importante: ele
tem 84 anos e sempre manteve o colesterol, a pressão, os triglicérides e
o peso em ordem.
Maués, a terra do sempre
O
caso de Milton Martins não é único nas cercanias de Maués. Em 2007, a
quantidade de pessoas acima dos 80 anos chamou a atenção do Instituto
Nacional de Seguridade Social (INSS), que investigou se todos os vovôs e
vovós que usufruíam dos benefícios estavam mesmo vivos. E não era para
menos: a taxa de indivíduos acima dos 80 no Brasil é de 0,5% em relação
ao total da população. Na cidade dos longevos, o patamar está em 1%, o
dobro da média nacional.
Diversos pesquisadores foram ao
território localizado entre os rios Madeira e Tapajós. Depois de uma
extensa coleta de dados, instituições brasileiras e estrangeiras se
reuniram para avaliar o que fazia o povo daquele município viver mais e
melhor. “Não vemos por aqui hipertensão, diabete ou outros males como o
Alzheimer”, aponta a psicóloga e gerontóloga Alessandra Negreiros,
coordenadora executiva do projeto.
“O caso de Maués é ainda mais
significativo quando sabemos que a Organização das Nações Unidas
considera idoso o indivíduo de 65 anos em países desenvolvidos e 60 nos
subdesenvolvidos”, informa a bióloga geneticista Ivana da Cruz, da
Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. E é aí que
vem a surpresa: “Quando falamos de comunidades indígenas, como as de
Maués, velho é aquele que passa dos 50”, completa Ivana, uma das líderes
da iniciativa. E, diante desse fenômeno, os especialistas identificaram
o guaraná como um agente da boa saúde centenária.
Os benefícios
do guaraná são obtidos com a ingestão de pequenas quantidades. “O
consumo recomendado é mesmo só uma colher de café do pó por dia”, atesta
o médico gerontólogo Euler Ribeiro, diretor da Universidade Aberta da
Terceira Idade, em Manaus. O ideal é dissolver essas partículas,
encontradas em farmácias e supermercados, num copo com água e tomar de
manhã. Em outros horários do dia, o fruto brasileiro pode causar
irritação e até insônia, já que ele é prendado de muita energia.
Outro
detalhe importante: os médicos recomendam acrescentar um pouco de
açúcar ao preparado para barrar o sabor amargo e uma disposição
exacerbada. Isso porque o guaraná tem a capacidade de sacudir os nervos.
“Adoçar diminui os efeitos do cafeísmo, a exaltação excessiva do
sistema nervoso”, declara Ivana da Cruz.
A doçura também aumenta a
taxa de glicose no sangue, que costuma ser baixa na parte da manhã. Mas
tome cuidado: o exagero nas colheradas adocicadas acaba com todas as
benfeitorias da fruta vermelha. Para aqueles que sofrem com problemas
cardíacos, uma visita ao médico nunca é demais. Esse especialista vai
definir a porção segura de consumo. Confira agora quais são as
principais vantagens desse verdadeiro super-herói da longevidade.
http://saude.abril.com.br/edicoes/0348/nutricao/vida-longa-ao-guarana-680669.shtml
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