domingo, 15 de abril de 2012

Crianças na mesa de operação com a boca cheia de cáries parte 2

Utilizar anestesia geral em crianças saudáveis traz riscos, incluindo vômitos e náusea e, em casos muito raros, danos cerebrais ou morte. Os ansiolíticos administrados junto à anestesia local para relaxar a criança também trazem riscos, incluindo uma overdose que poderia causar uma parada respiratória.


Hanna Schwartz, de 38 anos, de Nova York, não aceitou que sua filha Alice, de 3 anos e meio, recebesse anestesia geral para tratar das cáries. Na época, uma das oito cáries de Alice já havia sido tratada no consultório do dentista utilizando uma placa com faixas para imobilizá-la da cabeça aos tornozelos. Sua filha gritou: "Me tirem daqui!" durante todo o procedimento de 20 minutos, afirmou Schwartz, uma estudante de enfermagem.
Depois, "Eu saí da sala e desatei a chorar sem que a Alice visse", afirmou, acrescentando que tentaria uma terceira opção, o gás hilariante.

Claro, a falta de dinheiro ou de seguro pode ser um problema, mas, em entrevistas realizadas em todo o país, diversos dentistas atribuíram a extensão das cáries, em parte, a uma criação negligente, não importando o nível socioeconômico.
"Isso não acontece apenas com crianças em situação de pobreza, ainda que as crianças com nível social mais baixo tendam a ter mais cáries", afirmou a Dra. Rochelle Lindemeyer, diretora do programa de residência em odontopediatria do Hospital Infantil da Filadélfia e da faculdade de odontologia da Universidade da Pensilvânia. Famílias abastadas podem ter babás que "acalmam as crianças lhes dando a mamadeira o dia todo", afirmou Lindemeyer.
Escovar os dentes duas vezes ao dia era obrigatório, afirmou, mas agora não é mais. "Alguns pais dizem: 'Ele não quer escovar os dentes. Vamos esperar até que ele fique emocionalmente mais maduro'. É desconcertante."

A Dra. Man Wai Ng, dentista-chefe do Hospital Infantil de Boston, afirmou ter ouvido pais ricos e pobres fazerem afirmações parecidas sobre os lanches de seus filhos em idade pré-escolar, tais como "Eu não consigo nem imaginar o meu Johnny com fome, então deixo um sanduíche de pão integral sempre à disposição".
Com uma verba do Instituto DentaQuest, Ng iniciou um programa de gestão de doenças para modificar os hábitos dos pais de crianças com cáries, para que algumas delas pudessem evitar a sala de operação. Seus conselhos incluíam lanches menos frequentes e apenas 113 gramas de suco por dia. Ela não proibiu doces, mas sugeriu que os dentes fossem escovados logo em seguida, além do consumo de pirulitos antibacterianos de xilitol.
Diversos estudos demonstram que até mesmo crianças que passam por anestesia geral para tratar de cáries acabam com os dentes cariados novamente. Janine Costantini, diretora de prática ambulatorial do Hospital Infantil do Colorado, afirmou que sua equipe tratou um menino de três anos de idade que estava fazendo sua segunda visita à sala de cirurgia para realizar um tratamento odontológico. O menino chegou com uma garrafa de Coca-Cola.
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