Utilizar anestesia geral em crianças saudáveis traz riscos, incluindo
vômitos e náusea e, em casos muito raros, danos cerebrais ou morte. Os
ansiolíticos administrados junto à anestesia local para relaxar a
criança também trazem riscos, incluindo uma overdose que poderia causar
uma parada respiratória.
Hanna Schwartz, de 38 anos, de Nova York,
não aceitou que sua filha Alice, de 3 anos e meio, recebesse anestesia
geral para tratar das cáries. Na época, uma das oito cáries de Alice já
havia sido tratada no consultório do dentista utilizando uma placa com
faixas para imobilizá-la da cabeça aos tornozelos. Sua filha gritou: "Me
tirem daqui!" durante todo o procedimento de 20 minutos, afirmou
Schwartz, uma estudante de enfermagem.
Depois, "Eu saí da sala e
desatei a chorar sem que a Alice visse", afirmou, acrescentando que
tentaria uma terceira opção, o gás hilariante.
Claro, a falta de dinheiro ou de seguro pode ser um problema, mas, em
entrevistas realizadas em todo o país, diversos dentistas atribuíram a
extensão das cáries, em parte, a uma criação negligente, não importando o
nível socioeconômico.
"Isso não acontece apenas com crianças em
situação de pobreza, ainda que as crianças com nível social mais baixo
tendam a ter mais cáries", afirmou a Dra. Rochelle Lindemeyer, diretora
do programa de residência em odontopediatria do Hospital Infantil da
Filadélfia e da faculdade de odontologia da Universidade da Pensilvânia.
Famílias abastadas podem ter babás que "acalmam as crianças lhes dando a
mamadeira o dia todo", afirmou Lindemeyer.
Escovar os dentes duas
vezes ao dia era obrigatório, afirmou, mas agora não é mais. "Alguns
pais dizem: 'Ele não quer escovar os dentes. Vamos esperar até que ele
fique emocionalmente mais maduro'. É desconcertante."
A Dra. Man Wai Ng, dentista-chefe do Hospital Infantil de Boston,
afirmou ter ouvido pais ricos e pobres fazerem afirmações parecidas
sobre os lanches de seus filhos em idade pré-escolar, tais como "Eu não
consigo nem imaginar o meu Johnny com fome, então deixo um sanduíche de
pão integral sempre à disposição".
Com uma verba do Instituto
DentaQuest, Ng iniciou um programa de gestão de doenças para modificar
os hábitos dos pais de crianças com cáries, para que algumas delas
pudessem evitar a sala de operação. Seus conselhos incluíam lanches
menos frequentes e apenas 113 gramas de suco por dia. Ela não proibiu
doces, mas sugeriu que os dentes fossem escovados logo em seguida, além
do consumo de pirulitos antibacterianos de xilitol.
Diversos
estudos demonstram que até mesmo crianças que passam por anestesia geral
para tratar de cáries acabam com os dentes cariados novamente. Janine
Costantini, diretora de prática ambulatorial do Hospital Infantil do
Colorado, afirmou que sua equipe tratou um menino de três anos de idade
que estava fazendo sua segunda visita à sala de cirurgia para realizar
um tratamento odontológico. O menino chegou com uma garrafa de
Coca-Cola.
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