domingo, 15 de abril de 2012

Redescobrindo o tingimento caseiro parte 2

O que todos esses artistas veem nos corantes naturais? "Para mim, obter a cor é parte da arte", disse Feldman a respeito dos tapetes que tece. "Caso contrário, seria um trabalho feito por outra pessoa."

Antes de Sasha Duerr se tornar artista de tecidos, ela foi pintora. Mas as tintas a óleo lhe davam náuseas e dores de cabeça. Qual era o sentido de fazer uma arte ecológica, pensou ela, se a toxicidade do processo fazia com que ela adoecesse? (Deixemos esse tipo de arte performática masoquista para Marina Abramovic).
Na faculdade, Duerr começou a pesquisar a respeito de como formular suas próprias tinturas por meio do esmagamento de minerais. Era uma investigação obscura – quase oculta. "Ninguém no meu departamento sabia me dizer realmente como fazer isso", lembrou ela.
Quando ela finalmente encontrou especialistas em cores naturais, eles eram, surpreendentemente, mulheres que ela conhecia desde a infância. Os pais de Duerr haviam seguido o movimento back-to-the-land ("de volta à terra") até uma fazenda na região do leste de Maine. Algumas de suas companheiras de viagem – agricultoras e artesãs – tinham redescoberto os corantes naturais na década de 1970.
No entanto, alguns dos agentes de fixação de cor daquela época eram coisas bastante desagradáveis: sais minerais como o cromo e o estanho. Essas soluções são mordentes e ambas podem intensificar tons e tornar os tecidos mais resistentes à luz e à lavagem. Em seu guia introdutório "The Handbook of Natural Plant Dyes" ("O Manual dos Corantes Naturais de Plantas", em tradução livre), Duerr sugere banhos com soluções mordentes mais leves derivadas do sulfato de alumínio, o que por vezes funciona como uma substância de decapagem.

O ferro é outra opção, e é provável que você não precise comprá-lo. Duerr produziu um frasco que continha uma essência alaranjada, de cor pálida. "Peguei os pregos do meu marido", disse ela. "Eles estavam em um balde no galpão, enferrujando."

Uma das aprendizes de Duerr, Sierra Reading, de 22 anos, pegou uma tigela de metal em uma das enormes panelas de corante que estavam borbulhando no fogão. Era água de casca de cebola, e tinha cor de mogno. Um respingo do mordente de ferro – apenas algumas colheres de sopa – atingiram o caldo de cebola como se fossem creme no café. De repente, o líquido tinha virado um intenso chá verde.
Um mordente, por si só, pode transformar um tecido. Alyssa Pitman, de 32 anos, estudante e assistente de ensino, abriu sua blusa de moletom e revelou uma camiseta branca que tinha tingido. O corante tinha vindo de ervas daninhas encontradas na beira da estrada; o ferro, de acessórios de barcos antigos. Com o tempo, os tons vegetais tinham desaparecido (um fenômeno chamado de cor "evanescente"). Mas com o uso do ferro, uma estampa básica em forma de anel permaneceu, criando uma camiseta perfeita para ser vendida em um parque temático de Richard Serra.
"Eu acho que o tingimento natural me torna mais consciente do que existe no meio ambiente", disse Pitman. "Tem um monte de coisas enferrujadas no mundo."
Após passar uma hora, Reading pegou um par de pinças e começou a puxar pedaços de seda de diferentes fornadas de tingimento. Ela os colocou sobre a mesa branca e começou a tratar o tecido com suco de limão. Primeiro, o lenço de tecido saído de um ensopado de repolho roxo pareceu turquesa. Porém, assim que um toque de ácido atravessou a fibra, partes dela tinham adquirido cor de ariela. Cinco minutos depois, as manchas ficaram com um rosa vibrante.

"A coisa da alquimia não era brincadeira", disse Duerr. Ela lançou uma pitada de bicarbonato de sódio em um tecido que tinha sido tingido por flores e folhas de capim-azedo. Ele passou de amarelo para um tom de terra que lembrou a década de 1970, aquele laranja acobreado, digamos, de um terninho de Betty Ford.
"Essa cor pegou bastante neste ano", disse Duerr. "A moda sempre se recicla."
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