O que todos esses artistas veem nos corantes naturais? "Para mim,
obter a cor é parte da arte", disse Feldman a respeito dos tapetes que
tece. "Caso contrário, seria um trabalho feito por outra pessoa."
Antes
de Sasha Duerr se tornar artista de tecidos, ela foi pintora. Mas as
tintas a óleo lhe davam náuseas e dores de cabeça. Qual era o sentido de
fazer uma arte ecológica, pensou ela, se a toxicidade do processo fazia
com que ela adoecesse? (Deixemos esse tipo de arte performática
masoquista para Marina Abramovic).
Na faculdade, Duerr começou a
pesquisar a respeito de como formular suas próprias tinturas por meio do
esmagamento de minerais. Era uma investigação obscura – quase oculta.
"Ninguém no meu departamento sabia me dizer realmente como fazer isso",
lembrou ela.
Quando ela finalmente encontrou especialistas em
cores naturais, eles eram, surpreendentemente, mulheres que ela conhecia
desde a infância. Os pais de Duerr haviam seguido o movimento
back-to-the-land ("de volta à terra") até uma fazenda na região do leste
de Maine. Algumas de suas companheiras de viagem – agricultoras e
artesãs – tinham redescoberto os corantes naturais na década de 1970.
No
entanto, alguns dos agentes de fixação de cor daquela época eram coisas
bastante desagradáveis: sais minerais como o cromo e o estanho. Essas
soluções são mordentes e ambas podem intensificar tons e tornar os
tecidos mais resistentes à luz e à lavagem. Em seu guia introdutório
"The Handbook of Natural Plant Dyes" ("O Manual dos Corantes Naturais de
Plantas", em tradução livre), Duerr sugere banhos com soluções
mordentes mais leves derivadas do sulfato de alumínio, o que por vezes
funciona como uma substância de decapagem.
O ferro é outra opção, e
é provável que você não precise comprá-lo. Duerr produziu um frasco que
continha uma essência alaranjada, de cor pálida. "Peguei os pregos do
meu marido", disse ela. "Eles estavam em um balde no galpão,
enferrujando."
Uma das aprendizes de Duerr, Sierra Reading, de 22 anos, pegou uma
tigela de metal em uma das enormes panelas de corante que estavam
borbulhando no fogão. Era água de casca de cebola, e tinha cor de mogno.
Um respingo do mordente de ferro – apenas algumas colheres de sopa –
atingiram o caldo de cebola como se fossem creme no café. De repente, o
líquido tinha virado um intenso chá verde.
Um mordente, por si só,
pode transformar um tecido. Alyssa Pitman, de 32 anos, estudante e
assistente de ensino, abriu sua blusa de moletom e revelou uma camiseta
branca que tinha tingido. O corante tinha vindo de ervas daninhas
encontradas na beira da estrada; o ferro, de acessórios de barcos
antigos. Com o tempo, os tons vegetais tinham desaparecido (um fenômeno
chamado de cor "evanescente"). Mas com o uso do ferro, uma estampa
básica em forma de anel permaneceu, criando uma camiseta perfeita para
ser vendida em um parque temático de Richard Serra.
"Eu acho que o
tingimento natural me torna mais consciente do que existe no meio
ambiente", disse Pitman. "Tem um monte de coisas enferrujadas no mundo."
Após
passar uma hora, Reading pegou um par de pinças e começou a puxar
pedaços de seda de diferentes fornadas de tingimento. Ela os colocou
sobre a mesa branca e começou a tratar o tecido com suco de limão.
Primeiro, o lenço de tecido saído de um ensopado de repolho roxo pareceu
turquesa. Porém, assim que um toque de ácido atravessou a fibra, partes
dela tinham adquirido cor de ariela. Cinco minutos depois, as manchas
ficaram com um rosa vibrante.
"A coisa da alquimia não era
brincadeira", disse Duerr. Ela lançou uma pitada de bicarbonato de sódio
em um tecido que tinha sido tingido por flores e folhas de capim-azedo.
Ele passou de amarelo para um tom de terra que lembrou a década de
1970, aquele laranja acobreado, digamos, de um terninho de Betty Ford.
"Essa
cor pegou bastante neste ano", disse Duerr. "A moda sempre se recicla."
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