Hora de botar as polainas, aparar os mullets e entrar em uma jornada sem volta para os anos 1980 neste clássico da Rockstar
Os anos 1980 foram esquisitos. Blazers em tons pastéis, ombreiras,
mullets bizarros no cabelo e um uso recorde de neon são clássicos do
período, que foi marcado, na música, pelo auge do pop sintetizado e do
metal farofa. A Rockstar conseguiu, com um game, capturar todo o charme e
breguice dessa década, no clássico “Grand Theft Auto: Vice City”, de
2002, sendo o segundo da série a usar mundos abertos em 3D e um dos
melhores jogos da franquia.
“Vice City” conta a história de Tommy
Vercetti (dublado pelo ator Ray Liotta), um mafioso que, após sair da
prisão após uma sentença de 15 anos, é mandado para Vice City, uma Miami
falsa que pulsa neon e drogas, porque sua presença criaria “tensões” na
Máfia de Liberty City.
Chegando lá, Tommy é encarregado de
comprar um carregamento de cocaína, mas a operação dá errado quando um
grupo de atiradores misteriosos abre fogo em cima de Vercetti e seus
guarda-costas. Ao saber que a operação deu errado, o chefe mafioso de
Tommy fica revoltado e agora cabe ao jogador descobrir quem fez a
emboscada e arrumar o dinheiro para não virar um alvo da Máfia. Com esse
começo explosivo, Tommy começa uma jornada para o topo que culmina em
um tiroteio que é uma grande homenagem ao final do filme “Scarface”. O
game também faz referências e homenagens a programas de TV como “Miami
Vice”.
A grande inovação de “Vice City” quando comparado a “GTA III” é que
agora o protagonista tem uma personalidade muito mais definida que o
mudo e desinteressante Claude Speed. Vercetti. É um bandido extremamente
ambicioso e cruel, com um temperamento explosivo e uma paciência
minúscula. Isso dá ao jogo um carisma muito maior, com uma interação
mais complexa entre os personagens. A Rockstar manteve essa tendência
nos “GTAs” subsequentes, com o esforçado C.J. em “San Andreas” e o
sociopata relutante Niko Bellic em “GTA IV”.
Os gráficos são
superiores aos vistos em “GTA III”, mas hoje em dia são, tecnicamente,
datados, com animações duras e modelos quadradões. No entanto, o game se
mantém visualmente relevante pela direção artística. A orla com clubes
cheios de neon, os bairros latinos depredados, lojas vendendo ternos
cafonas, uma ilha abarrotada de mansões opulentas e o centro comercial
trazendo alguma austeridade se juntam em um panorama urbano coeso, mas
que deixam claras as contradições dessa sociedade. De um lado, barões da
cocaína moram com luxo, enquanto seus soldados haitianos vivem na
miséria. De outro, executivos de gravadoras corruptos levam rockstars
dopados de uma turnê a outra. Vice City é uma cidade viva, não tanto por
seus méritos de engine, mas por seu design magistral.
A jogabilidade é o que se espera de um “GTA” pré “GTA IV”, que
mistura direção arcade de veículos com tiroteios em terceira pessoa sem
um sistema de cobertura. Não é um game de muita finesse, mas o produto
final é melhor que a soma de suas partes. Uma inovação é a inclusão de
motos, que permitiam uma agilidade maior, com o risco de Vercetti sair
voando pelas ruas após uma colisão. Em “Vice City”, também é possível
comprar roupas e imóveis, que passam a servir como pontos para salvar o
jogo, uma característica ampliada em “San Andreas”. No campo das armas,
algumas adições interessantes, como uma espada japonesa e uma serra
elétrica, para os mais psicóticos.
O design do mapa de “Vice City”
também é digno de nota. A cidade é grande e variada, mas não é
gigantesca a ponto de tornar ir de um ponto a outro da cidade uma tarefa
enfadonha. A divisão das duas ilhas principais, cortadas por algumas
menores, torna a navegação simples e fácil.
A trilha sonora é outro fator que coloca o jogador diretamente nos
anos 80, com rádios de pop, incluindo os hit “Wanna be startin’
somethin” e “Billie Jean”, de Michael Jackson, ritmos latinos
extremamente cafonas e, para os headbangers, o bom e do melhor do rock
com bandas como Twisted Sister e Mötley Crue. Para curtir o pôr do sol
nas praias de Vice City? Ouça a relaxante “Steppin’ Out”, de Joe
Jackson. A música de “GTA: Vice City” retrata perfeitamente a época, com
restos dos anos 1970 e hits da época abarrotando as geniais e variadas
rádios.
O game foi extremamente recebido pelo público e pela
crítica em seu lançamento. Sites como IGN e Gamespot deram notas
superiores a 9,5 para o game, enquanto publicações como GamePro e
Official PlayStation Magazine conferiram notas máximas. Até março de
2008, o game tinha vendido mais de 17 milhões de unidades, fazendo de
“Vice City” um dos jogos mais vendidos de PlayStation 2.
“GTA:
Vice City” foi o primeiro GTA a ser lançado em outro console, no caso, o
primeiro Xbox, que recebeu o game no fim de 2003. O game chega agora à
PSN, na área “PS2 Classics” e é uma oportunidade perfeita para os
jogadores que perderam este clássico conhecerem um game que celebra e
parodia a breguice de uma década extremamente divertida e insana.
http://jogos.br.msn.com/noticias/esta%C3%A7%C3%A3o-retr%C3%B4-gta-vice-city?page=4
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