sábado, 19 de maio de 2012

Estação Retrô: GTA Vice City

Hora de botar as polainas, aparar os mullets e entrar em uma jornada sem volta para os anos 1980 neste clássico da Rockstar
Os anos 1980 foram esquisitos. Blazers em tons pastéis, ombreiras, mullets bizarros no cabelo e um uso recorde de neon são clássicos do período, que foi marcado, na música, pelo auge do pop sintetizado e do metal farofa. A Rockstar conseguiu, com um game, capturar todo o charme e breguice dessa década, no clássico “Grand Theft Auto: Vice City”, de 2002, sendo o segundo da série a usar mundos abertos em 3D e um dos melhores jogos da franquia.
“Vice City” conta a história de Tommy Vercetti (dublado pelo ator Ray Liotta), um mafioso que, após sair da prisão após uma sentença de 15 anos, é mandado para Vice City, uma Miami falsa que pulsa neon e drogas, porque sua presença criaria “tensões” na Máfia de Liberty City.
Chegando lá, Tommy é encarregado de comprar um carregamento de cocaína, mas a operação dá errado quando um grupo de atiradores misteriosos abre fogo em cima de Vercetti e seus guarda-costas. Ao saber que a operação deu errado, o chefe mafioso de Tommy fica revoltado e agora cabe ao jogador descobrir quem fez a emboscada e arrumar o dinheiro para não virar um alvo da Máfia. Com esse começo explosivo, Tommy começa uma jornada para o topo que culmina em um tiroteio que é uma grande homenagem ao final do filme “Scarface”. O game também faz referências e homenagens a programas de TV como “Miami Vice”.



A grande inovação de “Vice City” quando comparado a “GTA III” é que agora o protagonista tem uma personalidade muito mais definida que o mudo e desinteressante Claude Speed. Vercetti. É um bandido extremamente ambicioso e cruel, com um temperamento explosivo e uma paciência minúscula. Isso dá ao jogo um carisma muito maior, com uma interação mais complexa entre os personagens. A Rockstar manteve essa tendência nos “GTAs” subsequentes, com o esforçado C.J. em “San Andreas” e o sociopata relutante Niko Bellic em “GTA IV”.
Os gráficos são superiores aos vistos em “GTA III”, mas hoje em dia são, tecnicamente, datados, com animações duras e modelos quadradões. No entanto, o game se mantém visualmente relevante pela direção artística. A orla com clubes cheios de neon, os bairros latinos depredados, lojas vendendo ternos cafonas, uma ilha abarrotada de mansões opulentas e o centro comercial trazendo alguma austeridade se juntam em um panorama urbano coeso, mas que deixam claras as contradições dessa sociedade. De um lado, barões da cocaína moram com luxo, enquanto seus soldados haitianos vivem na miséria. De outro, executivos de gravadoras corruptos levam rockstars dopados de uma turnê a outra. Vice City é uma cidade viva, não tanto por seus méritos de engine, mas por seu design magistral.


 A jogabilidade é o que se espera de um “GTA” pré “GTA IV”, que mistura direção arcade de veículos com tiroteios em terceira pessoa sem um sistema de cobertura. Não é um game de muita finesse, mas o produto final é melhor que a soma de suas partes. Uma inovação é a inclusão de motos, que permitiam uma agilidade maior, com o risco de Vercetti sair voando pelas ruas após uma colisão. Em “Vice City”, também é possível comprar roupas e imóveis, que passam a servir como pontos para salvar o jogo, uma característica ampliada em “San Andreas”. No campo das armas, algumas adições interessantes, como uma espada japonesa e uma serra elétrica, para os mais psicóticos.
O design do mapa de “Vice City” também é digno de nota. A cidade é grande e variada, mas não é gigantesca a ponto de tornar ir de um ponto a outro da cidade uma tarefa enfadonha. A divisão das duas ilhas principais, cortadas por algumas menores, torna a navegação simples e fácil.



 A trilha sonora é outro fator que coloca o jogador diretamente nos anos 80, com rádios de pop, incluindo os hit “Wanna be startin’ somethin” e “Billie Jean”, de Michael Jackson, ritmos latinos extremamente cafonas e, para os headbangers, o bom e do melhor do rock com bandas como Twisted Sister e Mötley Crue. Para curtir o pôr do sol nas praias de Vice City? Ouça a relaxante “Steppin’ Out”, de Joe Jackson. A música de “GTA: Vice City” retrata perfeitamente a época, com restos dos anos 1970 e hits da época abarrotando as geniais e variadas rádios.
O game foi extremamente recebido pelo público e pela crítica em seu lançamento. Sites como IGN e Gamespot deram notas superiores a 9,5 para o game, enquanto publicações como GamePro e Official PlayStation Magazine conferiram notas máximas. Até março de 2008, o game tinha vendido mais de 17 milhões de unidades, fazendo de “Vice City” um dos jogos mais vendidos de PlayStation 2.
“GTA: Vice City” foi o primeiro GTA a ser lançado em outro console, no caso, o primeiro Xbox, que recebeu o game no fim de 2003. O game chega agora à PSN, na área “PS2 Classics” e é uma oportunidade perfeita para os jogadores que perderam este clássico conhecerem um game que celebra e parodia a breguice de uma década extremamente divertida e insana.

 http://jogos.br.msn.com/noticias/esta%C3%A7%C3%A3o-retr%C3%B4-gta-vice-city?page=4


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