Teste WebMotors: Mercedes-Benz C200 agrada, mas não justifica preço
Versão intermediária do Classe C carece de acessórios básicos
Tenho
um negócio para você: que tal comprar um sedã médio, com motor de 184
cv e com todos os itens de série básicos para o segmento? Falta sensor
de estacionamento, navegador GPS e faróis de xenônio, mas garanto que é
um bom negócio. Afinal, o que mais você consegue comprar por R$ 150.900,
preço sugerido pelo Mercedes-Benz C200?
A resposta, sob diversos
ângulos, é: “muita coisa”. Porém, por mais que um Chevrolet Omega seja
mais potente (292 cv) e um Honda Accord mais espaçoso (2,80 m de
entre-eixos), nenhum deles têm o prestígio de um Mercedes. Coisa que a
montadora sabe, e cobra caro por isso.
Estrela no peito
Para
entender o porquê do Classe C custar tanto, é preciso se desapegar de
algumas questões, como custo-benefício e racionalidade. Isso acontece
facilmente assim que se vê o Classe C. Recém-reestilizado, o modelo
ganhou novos faróis e capô, deixando o sedã mais agressivo. Outra
mudança é que todo Classe C vendido no Brasil agora carrega a estrela da
marca na grade do radiador, ao invés da tradicional peça no capô. Menos
clássico, mais imponente.
A traseira ganhou apenas mudanças
discretas no para-choque e nas lanternas – o que não é necessariamente
ruim, já que o modelo manteve a tradição de ter uma traseira
bem-resolvida. Mas essa geração ainda padecia de um grande defeito: a
simplicidade do painel.
As críticas dos consumidores parecem ter
sido ouvidas pela Mercedes, que basicamente abandonou o console anterior
e projetou um completamente reformulado. Mais anguloso e com materiais
de melhor qualidade, a nova peça faz jus à sobriedade e qualidade
geralmente associada à estrela estampada no volante – que, aliás, é
similar ao usado no SLS AMG.
Luxo relativo
Algumas
características do pacote de equipamentos geram estranhamento no início.
Os bancos dianteiros, por exemplo, são “parcialmente” elétricos. A
altura posterior do assento e a inclinação dos bancos são feitos por
botões, enquanto a distância e altura da parte anterior do assento são
regulados manualmente.
Esse detalhe, somado à ausência dos itens
mencionados no começo da matéria, resumem o lado espartano do C200. O
contraponto fica pelo uso do couro e alumínio por toda a cabine,
teto-solar elétrico e outros mimos típicos de um Mercedes, como a
saudação com a imagem do carro projetada na tela multifunção no centro
do velocímetro – cujo ponteiro fica ancorado ao redor do círculo, e não
no centro.
Vou botar muita pressão
Em relação ao C180
(R$ 116.900), o C200 tem como principal diferença o teto-solar. O topo
de linha C250 (R$ 191.900) adiciona faróis de xenônio, sensor de
estacionamento, GPS, bancos (totalmente) elétricos e rodas AMG. Em comum
todos são equipados com o novo motor de quatro cilindros de 1,8L com
turbo e câmbio automático de sete marchas, mas com potências distintas:
156 cv (C180), 184 cv (C200) e 204 cv (C250).
E aqui vem a
notícia que muito dono do C200 e C250 não vai gostar de saber: a
diferença básica entre os motores das versões situa-se na pressão do
turbo. Quanto maior, mais potência é gerada. Ou seja, na teoria, um C180
pode ficar com 204 cv apenas com o remapeamento da injeção. A mudança
não é recomendada pelo WebMotors, pois, junto com a potência extra, os controles eletrônicos são reprogramados e suspensão, direção e freios são recalibrados.
Medida (quase) certa
Com
1.505 kg, o C200 tem uma relação peso/potência de bons 8,2 kg/cv. Isso
explica o desempenho equivalente ao de alguns sedãs mais potentes, como o
Jetta TSI. Segundo a Mercedes, o C200 cumpre o 0 a 100 km/h em 7,8 s,
chegando aos 235 km/h de velocidade máxima.
O modelo consegue
entusiasmar mesmo quando carregado, mérito tanto do motor quanto da
transmissão, suave e bem escalonada. A tração traseira completa o pacote
para quem gosta de acelerar e a suspensão firme mantém a carroceria nos
trilhos sem precisar do auxílio do controle de estabilidade e tração.
O turbo lag
existe até os 2.300 rpm, mas é contornado pelas respostas rápidas do
motor através do acelerador. Virtude importante principalmente no
trânsito urbano, onde o C200 transpareceu mais sua maior agilidade em
relação ao C180. Não dá para ficar com sono guiando ele, mas caso isso
aconteça, o detector de fadiga alerta o motorista dorminhoco quando o
carro está acima dos 65 km/h.
Se o preço de tabela fosse uns R$
30 mil mais barato, o C200 estaria na medida certa para quem procura um
sedã médio com bom desempenho e requinte alemão. O problema é que essa
versão cobra R$ 34 mil por míseros 28 cv extras – ah, e tem teto-solar
elétrico, também. O argumento de que se está pagando por uma grife é
válido, mas não justifica a discrepância entre as duas versões. O C200 é
um carro espaçoso, luxuoso e, acima de tudo, um Mercedes-Benz. Mas para
quem quer comprar o primeiro sedã da marca, o C180 é mais negócio. E
quem faz questão de ser bem tratado, o C250 é mais condizente com seu
preço.
FICHA TÉCNICA – Mercedes-Benz C200 2012
Motor | Quatro cilindros em linha, dianteiro, transversal, 16 válvulas, 1.796 cm³ |
Potência | 184 cv (gasolina) a 5.250 rpm |
Torque | 270 Nm / 27,5 kgfm (gasolina) a 1.800 rpm |
Câmbio | Automático, com sete marchas |
Tração | Traseira |
Direção | Por pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica |
Rodas | Dianteiras e traseiras de liga-leve de aro 17 |
Pneus | Dianteiros e traseiros 225/45 R17 |
Comprimento | 4,59 m |
Altura | 1,45 m |
Largura | 2,01 m |
Entre-eixos | 2,76 m |
Porta-malas | 475 l |
Peso (em ordem de marcha) | 1.505 kg |
Tanque | 66 l |
Suspensão | Dianteira independente, tipo McPherson; traseira independente, tipo multibraço |
Freios | Disco ventilado na dianteira e sólido na traseira, com ABS |
Preço | R$ 150.900 |
http://revista.webmotors.com.br/lancamentos/mercedes-c200/1334081811401
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