BMW K 1600 GTL
Na estrada, nada se compara à moto mais luxuosa da marca
Segurança, estabilidade e conforto. Tudo o que uma mulher sonha para o
casamento e um homem sonha encontrar numa máquina (ok, só piada. Calma,
meu bem...), a BMW K 1600 GTL oferece de sobra. A versão totalmente
equipada das novas K 1600 é um primor de tecnologia, desempenho e luxo. É
um partidaço, mas só para quem dispõe de 109 000 reais, o valor do
dote. É um bocado de grana, mas ela faz valer cada centavo.
Embora
também produza motos médias (de 450 e 650 cc), a alemã BMW é
reconhecida mundialmente como fabricante de motos grandes. A fábrica de
motores da Bavária produz em Berlim algumas das mais ousadas
motocicletas do planeta. Certamente são as máquinas de produção
industrial seriada mais arrojadas em design de chassi e suspensões. Os
criativos sistemas de suspensão Duolever (dianteiro, ao estilo duplo A) e
Paralever (paralelogramo deformável) são exclusivos.
Depois de
conquistar corações e mentes com a saga das aventureiras GS e,
recentemente, com a velocíssima superbike S, estava na hora de a BMW
mostrar sua notável capacidade tecnológica também nas touring de longo
alcance - segmento que já pertenceu à marca alemã e hoje é dominado pela
Honda Gold Wing e pela Harley Davidson Ultra (esta nos EUA), embora
disputado por quase todos os principais fabricantes europeus e
japoneses.
A GT (sigla de Gran Turismo, em italiano) incorpora
sistema de navegação por satélite, grande capacidade de carga em malas
impermeáveis e chiques, som de alta qualidade, controle de tração,
suspensões reguláveis eletronicamente, para-brisa regulável, farol de
xenônio, tem autonomia de camelo, é superpotente e, contra todas as
previsões que a primeira vista inspira, bastante fácil de pilotar.
O
desafio da revolucionária engenharia bávara foi resolver a equação de
como fazer uma moto de 348 kg (com tanque cheio) ágil e estável. A
resposta é a K 1600 GTL, gigante com 26,5 litros de capacidade no tanque
de combustível, 2,48 metros de comprimento e nada menos que seis
cilindros em linha - nada de ficar por baixo da imensa Honda Gold Wing,
ora!
A moto é extremamente eficiente sob o ponto de vista
dinâmico e incorpora o luxo que a simples menção da marca inspira.
Manoplas e bancos aquecidos, computador de bordo, checagem de pressão
dos pneus no painel, possibilidade de escolher entre três mapas de
gerenciamento eletrônico do motor, além de múltiplas escolhas de caráter
das suspensões, são mimos incluídos no pacote. O bônus é que, com tudo
isso em cima, ela ainda é capaz de acelerar e fazer curvas quase como
uma superesportiva.
Pasme: com seis cilindros alinhados,
transversais, 24 válvulas e 160 cv, a K 1600 GTL é surpreendentemente
suave e fácil de pilotar em baixos giros e solta a fera esportiva em
altos regimes. Com 17,8 mkgf de torque máximo disponíveis a míseros 5
250 rpm e acelerador ride by wire, a potência despejada na roda é sempre
a mais eficiente possível, calculada a partir dos parâmetros fornecidos
por múltiplos sensors espalhados na moto - e o controle de tração não
deixa que nem um pouquinho dela seja desperdiçada.
Não importa se
você está a 40 km/h vislumbrando a orla ou singrando o asfalto com a
ousadia de um capitão italiano de longo curso. Sim, mesmo pesando 348 kg
em ordem de marcha (e com peso máximo admissível de 560 kg, o que
resulta em uma capacidade maxima de carga de 212 kg), o seis-cilindros
de 160 cv é capaz de fazer a GTL ultrapassar com facilidade os 220 km/h.
Aliás, é preciso prestar atenção ao velocímetro, pois não é fácil
perceber a velocidade subir. A total falta de vibração e eficiente
aerodinâmica escondem a sensação de alta velocidade. Se o sistema de som
estiver ligado, então... Acredite, a 160 km/h e com o capacete fechado,
é possível ouvir o som com clareza. Não quer rádio? Tudo bem, do lado
direito da carenagem há um porta-luvas com entradas USB e auxiliar, para
você conectar seu MP3.
Em ação
No
comparativo entre a BMW K 1600 GT e a Honda GL 1800 Gold Wing, ambas de
seis cilindros, publicado na edição 622-A, a GT saiu com a vitória, mas
sob a ressalva de que teria sido mais justa uma comparação da Gold Wing
com a versão GTL. As diferenças são poucas, mas contam pontos e vão
exatamente na direção da moto da Honda. Além do top case com encosto
para o acompanhante, o sistema de som também é de série na GTL, ao
contrário do que acontece na GT. Naquele comparativo, afirmamos que a
posição de pilotagem era mais confortável na moto da Honda, pois ela
tinha banco mais baixo e guidão mais prolongado, de forma a deixar o
piloto posicionado quase como numa poltrona. E é exatamente nesse ponto
que mora a principal diferença entre a GT e a GTL. Além do guidão mais
comprido, o banco da GTL é 6 cm mais baixo e as pedaleiras são mais
avançadas. A poltrona que a GT precisava para vencer a Gold Wing em
conforto está aqui na GTL.
Com todo esse conforto, faltava ser
econômica. Bom, não chega a ser uma cub, mas com tanque de 26,5 litros e
fazendo a boa média de 17 km/l de gasolina, a GTL é capaz de percorrer
mais de 400 km sem reabastecimento. Esses números de consumo foram
obtidos apenas com o piloto e dentro dos limites de velocidade
permitidos. Com os portentosos 560 kg de peso máximo admissível e as
seis bocas escancaradas pedindo comida, esse consumo pode cair para 12
km/l, o que também não é ruim, considerando a massa geral.
No
molhado, nada de pânico, o sistema ABS dá conta do recado e o modo Rain
do gerenciamento eletrônico faz as rotações subirem mais lentamente,
além de manter o controle de tração sempre ligado. Os bons pneus
Metzeler Roadtec garantem bom escoamento e trabalham na temperatura
ideal para não assustar o motociclista.
O que mais chama atenção
na K 1600 GTL não são os recursos eletrônicos de conforto, mas a
incrível neutralidade do conjunto em curvas. O chassi de alumínio com
dupla trave superior incorpora o motor de seis cilindros em linha bem
inclinados à frente, não deixando a moto parecer larga entre as pernas e
permitindo excelente centralização de massas. Quer tocar forte? Basta
selecionar a opção de suspensão Sport apenas para o piloto. Se, ao
contrário, preferir levar suave sem carregar demais a traseira, basta
selecionar a opção Comfort para dois passageiros mais bagagem. Pronto:
você é capaz de equilibrar a moto na mão esquerda, sem a necessidade de
ferramentas.
Para poucos
Gosto de
acreditar que quem realmente é louco por moto não se importa muito com
vento no peito, ausência de som (uma raridade em motos), aquecedores de
manoplas e outras tantas frescurinhas a mais. O que realmente valorize a
originalidade da engenharia alemã aplicada na K 1600 GTL é a
surpreendente e quase incrível capacidade de aceleração - e a emoção de
fazer curvas equilibradas com uma moto tão grande e pesada.
O som
emitido pelo sistema de escape de seis saídas deixa bem claro que os
projetistas da marca não abandonaram a esportividade, mesmo nessa que é a
mais luxuosa das motos atuais. Cada um com suas preferências, mas em
termos de sonoridade do motor, quanto mais cilindros, melhor.
O
único defeito que uma K 1600 GTL pode ter é que vivemos em uma nação
onde há poucas estradas capazes de corresponder a tanta tecnologia.
Diferentemente do motociclista europeu, que sai de casa e atravessa
cinco países sobre ótimo asfalto para assistir a uma prova de MotoGP,
viajar 1 000 km por aqui com uma GTL pode ser uma aventura incompatível
com a primeira classe que a moto sugere.
http://quatrorodas.abril.com.br/moto/testes/bmw-k-1600-gtl-682437.shtml
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